O que podemos dizer sobre aquela dor que muitos definem como uma dor tão profunda que dói nas entranhas, no corpo, dá pontadas nos órgãos e ossos, mas que na verdade, não há nada que a comprove nos exames laboratoriais? É claro que sabemos que a dor, tanto física quanto emocional, é essencial para a sobrevivência e integridade de nosso organismo, mas em alguns momentos pensamos que não conseguiremos suportá-la. Mas qual o significado da dor emocional?
A palavra "dor" origina-se do latim "dolore". Representa sofrimento moral, mágoa, pesar, aflição, dó e compaixão. A dor também é a emoção típica de uma tristeza profunda, muitas vezes levando ao choro.
A dor pode ser usada pelo nosso inconsciente para expressar uma mensagem para o mundo ou para alguém em especial, podendo ser nós mesmas. Isso significa que a dor pode querer dizer algo, pode ter um significado. Quando uma pessoa usa a expressão: ‘você feriu os meus sentimentos’, poderá estar dizendo a pura verdade. Uma dor de rejeição não é menor do que aquela que sentimos ao esmagar o dedo.
Não há dor maior ou menor, independente do que a gerou. É preciso entrar em contato não com os fatores externos que desencadearam a dor, mas seu significado dentro da psique, pois a dor emocional muitas vezes é o inconsciente se expressando de forma simbólica. Por sentimentos reprimidos, recentes ou não.
EXISTEM VÁRIOS TIPOS DE DORES
Existem vários tipos de dor citados na literatura, mas quero me referir aqui à dor que vem de dentro, sem nenhum estímulo concreto externo. A dor emocional, chamada de dor psicogênica (de origem psíquica), que é aquela onde não é encontrada nenhuma doença ou lesão, sendo considerada um sintoma frequente em pessoas com conflitos emocionais e com tendência a negar esses conflitos, que podem se fazer presentes através da dor.
É muito comum a dor ser mais intensa em quem tem dificuldade para expressar o que sente, havendo um bloqueio da expressão afetiva. Nesse caso, a pessoa carrega uma agressividade contida, como uma energia represada, reprimida, e que precisa ser liberada, extravasada, podendo se tornar agressiva não apenas com os outros, mas principalmente consigo mesma.
Mesmo a dor física sem causa concreta depende da sensibilidade de cada pessoa e que se diferencia pelo limiar doloroso. Em períodos de muita tensão, esse limiar também pode diminuir, pois está relacionado com as endorfinas (substância liberada no interior do organismo) que podem ser entendidas como analgésicos. E o nível das endorfinas está relacionado com nosso estado emocional. As pessoas deprimidas tendem a ter essa taxa baixa e sentirão dor com mais intensidade. Não podemos negar que mesmo na dor física a emoção é um fator importante.
A maneira de lidar com um dano sofrido pode determinar a intensidade e duração da dor, podendo tornar-se mais intensa quando ignorada ou punida. É preciso compreender como a pessoa está sentindo a dor e o que isso representa. Na verdade, a dor emocional é uma só: ela depende exclusivamente de quem a sente, geralmente sentida em silêncio, no escuro do quarto, sem que ninguém mais saiba, porque em geral ela será reprimida se a expressar, assim como aprendemos desde crianças.
Nesse tipo de dor, há alguns traços importantes nas pessoas mais propensos à dor, como:
- Proeminência de culpa;
- História de sofrimentos frequentes;
- Intensos impulsos agressivos;
- Aparecimento de dor diante de uma perda, real ou ameaçada.
É interessante notar que o que deu origem ao termo inglês "pain", que traduzido significa dor, foi a palavra latina "poena" e a grega "poiné", ambas significando castigo, punição, fazendo assim uma conotação entre castigo e dor. Muitas vezes a dor é sentida como um castigo/punição para muitas pessoas, principalmente quando se sentem culpadas.
A culpa geralmente intensifica a percepção da dor, trazendo em si uma necessidade inconsciente de punição, muitas vezes dificultando a busca pela elaboração e compreensão do conflito que a causou. A culpa sempre gera uma necessidade de autopunição.
Na dor emocional não há lesão nem doença, porém a impressão física parece real. Há uma angústia no corpo todo, provocando um aperto no peito, dificuldade de respirar, uma sensação que o coração vai partir. É comum a expressão: “dói na alma, no fundo do coração”. A dor, no coração do nosso ser, é o sinal incontestável da passagem de uma prova. Quando uma dor aparece, podemos acreditar que estamos atravessando uma prova decisiva. A prova de uma separação, deixando-nos súbita e definitivamente, nos transtorna e nos obriga a reconstruir-nos.
Seria falso acreditar que a dor psíquica é um sentimento exclusivamente provocado pela perda de um ser amado. Ela também pode ser dor de abandono, quando o amado nos retira subitamente o seu amor; de humilhação, quando somos profundamente feridos no nosso amor-próprio; da decepção; da espera. Os motivos que nos causam dor podem ser muitos, mas em geral a dor só existe sobre um fundo de amor. Mas como reconstruir diante de tanta dor?
A dor não tem apenas aspectos negativos, é uma forma de aviso, alarme, um enorme sinal dizendo que algo está errado, e que devemos nos conscientizar dos sentimentos originais reprimidos e negados. Quanto mais importante é o fator desencadeante da dor, ou seja, a origem da dor original, mais ela será sentida. Por isso é muito comum a dor intensa, sem fim, em términos de relacionamentos, diante da morte de uma pessoa amada, enfim, nas situações de perdas.
Se a dor emocional implica em sofrimento, e esse é resultado de um conflito reprimido, podemos sim buscar identificar a origem dessa dor, confrontar tudo que ela carrega, explorar toda a situação envolvida, identificar culpas, histórico de vida, enfim, enfrentando aquilo que tanto nos machuca através do processo terapêutico, podemos evitar assim que uma doença se instale.
A dor é sempre um sinal de aviso! Cabe a cada uma de nós se perguntar: “o que essa dor está querendo transmitir? O que preciso entender, aprender?” E é claro, é preciso querer ouvir a resposta!
Se este texto fez sentido e você deseja começar a cuidar de suas dores emocionais, entre em contato comigo aqui.