Criamos dentro de nós verdadeiras prisões emocionais, e a incapacidade de expressar as emoções é um fator importante na origem das doenças. Devemos aprender, ou reaprender, a falar, chorar, enfim, sentir e, acima de tudo, expressar o que sentimos. Pense nisso antes de "engolir seu choro" ou fingir que não sente nada. Quando não entramos em contato com a dor de nossas várias experiências, e não as encaramos de frente, ficamos empacados, impedidos de seguir adiante de forma mais livre e consciente. Eu tentava conter as lágrimas por coisas que havia dito e não havia dito. Lágrimas por coisas que eu tinha feito e agora precisava desfazer. As lágrimas não derramadas ficam presas na garganta, tornando difícil falar a verdade e expressar honestamente quem somos. Chorar pelos outros e por mim mesma me fez acreditar que certos aspectos da minha história devem ser contados. Se eu quero realmente me curar e ajudar os outros nesse processo, devo contar as partes difíceis de serem contadas. Não porque minha história seja diferente ou única, mas porque eu fui abençoada por poder chorar as lágrimas de dor e tristeza para que as lágrimas de felicidade brotassem do meu coração permitindo que eu ne mantivesse no caminho certo. (Iyanla Vanzant - Ontem Eu Chorei).
Você já deve saber que reprimir as emoções, de qualquer tipo, é extremamente prejudicial ao organismo e deve ser evitado. Seja por vivenciar os efeitos de reprimir suas próprias emoções ou por já ter ouvido ou lido em algum lugar sobre isso. As mulheres, em geral, tendem a expressar mais o que sentem, enquanto os homens, devido a uma educação que ensina que "homem não chora", muitas vezes reprimem muito mais seus sentimentos.
Um homem de negócios, um político ou seu marido deve ser puramente racional, frio, insensível e calculista, certo? Errado! O que as mulheres mais procuram em um companheiro hoje é sensibilidade, alguém que não só entenda seus sentimentos, mas que também se permita sentir e, principalmente, demonstrar o que sente.
Homens, mulheres, todos devemos aprender a expressar nossas emoções de alguma forma, seja verbalizando, escrevendo, ou de outra maneira. O que não podemos é reprimi-las, agindo como se não sentíssemos nada.
Mas o que tudo isso tem a ver com doenças? Tudo! Pessoas que expressam seus verdadeiros sentimentos tendem a não somatizar o que sentem no corpo. Na maioria das famílias, são impostas regras que nos condicionam a reprimir a expressão do que sentimos, o que não é nada saudável.
Por exemplo, o choro é uma das maneiras que temos para expressar nossos sentimentos, e a repressão dele pode estar relacionada com a asma. Algumas pesquisas mostram que muitas pessoas com asma têm dificuldade em chorar, como se a crise de asma substituísse o choro reprimido e as crises geralmente cessam quando a pessoa consegue expressar seus sentimentos através do choro. O mesmo vale para a sinusite, que pode ser vista como um "chorar para dentro".
Chorar, quando possível, é um dos meios mais eficazes para restabelecer nosso equilíbrio interior, abalado pela tristeza, dor, ira, e até pela alegria e amor. Quantas vezes, depois de chorar, nos sentimos mais leves? Existe até aquela expressão popular: “Lavei a alma” após uma crise de choro compulsivo.
POR QUE PARA ALGUMAS PESSOAS É TÃO DIFÍCIL CHORAR?
Mas por que é tão difícil para algumas pessoas se permitir chorar? O que nos ensinam desde cedo? Que não devemos chorar, que devemos “engolir” o choro. Certa vez, ouvi de uma cliente uma expressão que um de seus cuidadores da infância diziam quando ela chorava "eu tenho nojo de choro" e hoje como adulta, ela sente uma dificuldade enorme para se permitir chorar sem se sentir culpada.
Quando uma criança cai e se fere, ou desobedece, a maior preocupação dos pais não é com o fato em si, mas sim que ela pare de chorar. Como se parar de chorar significasse o desaparecimento do sentimento que motivou o choro. Homens ou mulheres, crescemos acreditando que não devemos chorar, como se fosse um sinal de fraqueza, ou o fazemos escondidos, no silêncio de nosso quarto, afinal, “chorar é coisa de criança”. É preciso lembrar que ser fraco não é chorar, mas não se permitir sentir.
Para segurar o choro, contraímos os músculos do peito, ombros e garganta, impedindo os soluços. Enrijecemos os lábios, para que não caiam, na expressão típica do choro. Seguramos ainda as sobrancelhas para cima, pois se vierem para baixo começaremos a chorar. Para conter as lágrimas, absorvemos toda essa energia negativa em contrações musculares que determinam a repressão emocional. Essas contrações musculares ocorrem também nos vasos sanguíneos, estômago, intestinos, etc., causando diversos sintomas. Ou seja, a tensão sentida pela situação se acentua com a tensão gerada pela repressão.
OS BENEFÍCIOS DO CHORO PARA NOSSA SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL
A razão pela qual o choro é benéfico decorre da descarga muscular que provoca, dando vazão a toda a tensão do corpo. E lembre-se, a tensão é uma das fases do processo de adoecer. Se podemos eliminar essa tensão com nossas lágrimas, por que reprimi-las? Havendo o sentimento, seja qual for, não nos beneficia reprimir sua expressão.
Mas como agir frente a outras emoções como a ira, se não devemos reprimir nossas emoções? Dar um soco em quem nos fez sentir raiva não adianta, mas podemos socar uma almofada, um travesseiro, gritar em um quarto fechado ou dentro do carro, ou fazer uma atividade física, onde toda energia reprimida possa ser liberada.
Diferente dos animais, temos uma forma adicional de expressar o que sentimos: as palavras. A tristeza compartilhada, a dor revelada, diminuem as tensões geradas pelas perdas e angústias. Então, por que nos negamos a expressar em palavras o que sentimos? Muitas vezes por medo de demonstrar insegurança, de sermos julgadas, ou por falta de alguém em quem confiar.
As pessoas que suportam suas dores sozinhas adoecem com maior frequência e gravidade do que aquelas que verbalizam suas emoções e dores. Mas a importância e o benefício de verbalizar o que sentimos não deve se restringir apenas à tristeza e dor, mas também às coisas boas que nos acontecem.
Muitas pessoas, talvez a maioria, têm grande dificuldade em se expressar emocionalmente e reagir com afeto. Tanto que existe a alexitimia: palavra que provém do grego, a (ausência), lexis (palavra) e timia (emoção), ou seja, sem palavras para as emoções. Ou ainda, incapacidade de reconhecer, nomear e expressar as próprias emoções ou as dos outros.
A alexitimia caracteriza um distúrbio afetivo pela incapacidade de identificar e expressar sentimentos. Muitas vezes, quando alguém foi muito criticado ou não recebeu atenção aos seus sentimentos na infância, pode replicar esse comportamento na vida adulta. Por isso, os sentimentos devem ser sempre respeitados e expressados, independentemente da idade.
A incapacidade de comunicar com palavras, especialmente pensamentos e sentimentos, faz com que "falemos" com a linguagem dos órgãos, ou seja, o adoecer de determinado órgão é a forma inconsciente de manifestarmos nosso sofrimento por não conseguirmos fazê-lo de outra maneira.