Um dos maiores desafios que enfrentamos é lidar com o sentimento de inferioridade, que pode causar conflitos internos e nos relacionamentos. Quantas vezes nos sentimos inferiores aos nossos colegas de trabalho, incapazes de buscar uma promoção ou de sair de um relacionamento destrutivo?
O termo "complexo de inferioridade" foi cunhado por Alfred Adler para descrever sentimentos de insuficiência e incapacidade de resolver problemas, levando a pessoa a se sentir um fracasso em várias áreas da vida. Essa baixa autoestima pode afetar todos os aspectos dos relacionamentos: pessoais, profissionais, afetivos, familiares e sociais.
SITUAÇÕES DA INFÂNCIA QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SENTIMENTO DE INFERIORIDADE
Adler argumentava que todas as crianças são afetadas por um sentimento de inferioridade, resultante de sua falta de poder diante dos adultos. Esse sentimento desperta o desejo de crescer e se tornar tão forte quanto os outros, ou até mais forte. Ele identificou três situações na infância que podem levar ao complexo de inferioridade:
- Inferioridade Orgânica: Crianças com doenças ou deficiências físicas podem se isolar e evitar interações com outras crianças devido ao sentimento de inferioridade. No entanto, quando são incentivadas a superar suas dificuldades, podem desenvolver habilidades surpreendentes.
- Superproteção e Mimo: A superproteção na infância pode gerar insegurança na vida adulta, pois a pessoa não aprende a acreditar em si mesma. Isso pode resultar em dificuldade para lidar com frustrações, porque crescem, ainda que inconscientemente, acreditando que faziam tudo por ela por não ter a capacidade de fazer por si mesma.
- Rejeição: Crianças rejeitadas podem crescer sem confiança em suas habilidades e sem sentir que merecem amor e afeto. Quando adultas, tendem a se tornar frias, duras, ou extremamente carentes e dependentes da aprovação e reconhecimento de outras pessoas. Quanto mais necessidade de ser aprovada e reconhecida pelo outro, mais se desenvolve a necessidade de agradar. Isso faz com que as pessoas deixem de ser elas mesmas, tornando-se o que os outros gostariam que fosse, ou o que pensa que gostariam, reforçando cada vez mais o sentimento de inferioridade, pois não satisfazem a si mesmas.
Essas situações, entre outras, podem resultar em isolamento, falta de interesse social e baixa autoestima. Adler destacava a importância da agressão, no sentido de lutar por sua capacidade de superar obstáculos e acreditar em si. Muitas vezes a agressão pode manifestar-se como poder, superioridade e perfeccionismo, porém a busca pela superioridade como compensação pode tomar uma direção positiva ou negativa.
Pode ser positiva e saudável quando motiva para realizações construtivas e na busca de crescimento. Será negativa e destrutiva quando existe uma luta pela superioridade pessoal, dominando os outros através do poder, podendo desenvolver a ambição (busca o crescimento material, deixando de lado pessoas e fatos significativos em sua vida) e inveja (desejando ter tudo o que o outro tem, mas não se sente capaz de conseguir por si próprio),tudo para compensar seu sentimento de inferioridade.
O SEU VALOR ESTÁ EM SER VOCÊ
A capacidade do outro sempre é percebida como maior que a própria capacidade, sentindo-se sempre inferior. Esse sentimento pode fazer com que a pessoa se acomode na situação, permanecendo em sua zona de conforto. Ainda que isso lhe traga insatisfação e tristeza, nada faz para mudar, pois não se sente capaz ou com forças.
Então, o que fazer quando nos sentimos inferiores? Evite comparações, entenda sua história de vida e a origem do seu sentimento de inferioridade, enfrente o medo, reconheça seu próprio valor, identifique suas necessidades emocionais e aprenda com os erros. Valorize suas conquistas e busque o autoconhecimento por meio da terapia.
Você é uma pessoa única e valiosa, e merece reconhecer e celebrar seu verdadeiro valor.